O momento de baixar as câmeras e estar presente

by vivereviajar

Para nós que trabalhamos com a imagem (e creio que para qualquer viajante) é preciso saber a hora de baixar as câmeras e os celulares, parar de capturar imagens para “capturar o espírito” do momento. Na última viagem que fiz, essa “hora” foi meio que forçada pelas circunstâncias (pois é, ainda estou aprendendo esta arte), mas me trouxe duas das experiências mais marcantes que tive na Bahia.

Desde que cheguei em Morro de São Paulo, queria conseguir fazer fotos nadando com os peixes. Tinha ouvido falar de uma praia de águas tão cristalinas que era possível fazer isso. Vi fotos incríveis. Mas os dias foram passando e não consegui saber onde exatamente ficava o lugar…

VEJA TAMBÉM:

Morro de São Paulo: o que fazer, onde comer, onde ficar

Como chegar em Morro de São Paulo

Outra foto que queria ter era quando fizesse o salto de tirolesa, um dos passeios mais famosos que o lugar oferece. Mais uma vez, tinha visto fotos maravilhosas de outras pessoas que já tinham passado por lá. Só que chegando no local, vimos que não era tão fácil assim.

Para começar, para chegar ao topo do morro de onde se salta com a tirolesa, era necessário sair da praia, passar pelo centro comercial de Morro de São Paulo e fazer uma trilha íngreme de uns 10 minutos. E, chegando lá, pular na tirolesa, em um “penhasco”, para mergulhar direto na praia lá embaixo. Logo percebemos que não poderíamos levar nada conosco além da roupa do corpo – inclusive as câmeras e celulares.

Fomos assim mesmo e minhas lembranças são os únicos registros que tenho de uma das experiências mais gostosas e loucas que já tive. A sensação de pular no abismo, sair do seu lugar de segurança e seguir rumo ao infinito azul do mar de uma praia maravilhosa, brindada pelos últimos raios de sol do dia, produziu uma imagem em minha mente difícil de esquecer.

A viagem, como sempre, chegou ao fim com gosto de quero mais. No nosso último dia em Morro de São Paulo, acordamos cedo para caminhar na praia antes de pegar o barco que nos levaria de volta à Salvador ainda naquela manhã. Seria apenas uma caminhada rápida, uma última despedida do mar azul turquesa que tanto tinha nos encantado em Morro.

Para nossa surpresa, durante esse curto passeio, nos deparamos com o lugar de águas cristalinas onde dezenas de peixes nadavam nas piscinas naturais formada pela maré baixa. Onde estavam as câmeras? Nas malas, é claro!

Cada vez mais pessoas se aproximavam do local para ver aquela preciosidade. Aí descobrimos um pequeno segredinho, há vendedores locais que trazem comida para atrair os peixes. Nem dinheiro para isso nós tínhamos conosco. Mais uma vez, apenas a roupa do corpo.

Não tinha o que fazer, apenas desfrutar aquele momento raro. Por uma razão que nunca vou entender, os peixes começaram a nadar à nossa volta. A gente só ficou ali parado, sem fazer nenhum movimento brusco, para não assustar o cardume cintilante que pareceu se afeiçoar por nós. Mais uma imagem que dificilmente sairá da minha mente (e na minha mente apenas).

Em uma época de enxurradas de fotos, vídeos, boomerangues, posts, stories e redes sociais sem fim, às vezes, só às vezes, a câmera pode distrair. Há momentos que nos pedem para ficar neles. Estar presentes, no aqui e agora.

Você também pode gostar de ler

error: Olá! Interessado em reproduzir nosso conteúdo? Mande um e-mail para contato@vivereviajar.com